domingo, 21 de novembro de 2010

Capítulo I - Uma decisão, um destino


Mesmo sob toda aquela pressão, não vejo em nenhum momento, Mikael intranqüilo, sua cabeça parecia estar a quilômetros de distância, eu invejava aquilo, não conseguia me acalmar um instante se quer.
“Só quero que saiba que estarei ao seu lado, independente as sua escolha” falo olhando-o nos olhos.
“Eu sei disso, sei que você entenderia qualquer que fosse minha escolha” responde Mikael dando um tímido sorriso.
Balanço a cabeça positivamente e tento, em vão, ouvir algo da conversa dos Mentores. Então procuro algo para prender minha atenção. Abro a bolsa de couro e pego o diário que Mikael tinha me dado.
“Você vai mesmo ler não é Esmond?” pergunta Mikael com um ar preocupado.
“Não acho que esse tom de voz seja nervosismo, o que você tem?” pergunto virando-o em minha direção. Seus olhos não mais me encaram.
“Não é nada, só espero que você me entenda” fala me olhando rapidamente e voltando a olhar pra frente.
Aquilo começava a me perturbar. Coloco o diário de volta na bolsa e penso no que poderia afetar tanto aquela pessoa tranqüila que eu tinha há pouco ao meu lado, mas a minha apreensão não me deixa focar-me e logo o que me vem na cabeça são outras coisas. Começo a olhar ao redor, a ver cada centímetro da velha praça. Invejo os casacos que todos usam, as roupas...
“Sapatos iguais?” penso comigo.
Antes de qualquer movimento, aquela voz que me persegue nos sonhos se ouve em meio daquelas sombras, Cefeu estava ali. Não havia mais ninguém, só eu e Mikael presos naquela emboscada. Era pra ter suspeitado desde o princípio, “por que prefeririam uma praça?”, “por que todos estavam tão quietos?”, “onde estavam as provocações?” agora me pergunto sem achar respostas. Com uma única peça e a magia certa era possível fazer um exército, perfeito em cada detalhe, controlado pelo pensamento do invocador. Agora era tarde, eu estava vivendo meu pesadelo, ele me achou.
“Pensei que não notaria nunca novato” fala Cefeu surgindo e desfazendo aquela farsa.
“Como não notei tudo isso?” pergunto-me balançando negativamente a cabeça e puxando a adaga da bainha.
“O poder sempre te cegou novato, até eu me surpreendi com a facilidade de trazer os dois até aqui” fala com aquele mesmo sorriso de quando éramos apenas jovens, o que me faz apertar o cabo da adaga com força.
Mikael segue calado, não esboça nenhuma reação.
“O que você quer Cefeu? Não tenho nada que pertença a você!” falo indo pra frente de Mikael.
“Não quero nada seu, eu quero dele” fala apontando para Mikael.
Espanto-me com aquilo.
“Mikael, o que você sabe que eu não sei?” pergunto.
“Fala pra ele Mikael, será que ele confiará novamente em você? Será que um amigo de verdade esconderia um segredo desses de outro?” fala Cefeu armando sua besta.
“Espero que me perdoe Esmond, um dia entenderá porque fiz isso” responde-me Mikael me tirando de sua frente.
“Agora sim, terei o que é meu por direito!” grita Cefeu apontando a besta pra Mikael.
Naquela cena que parecia passar tão lentamente, eu era apenas um figurante. E então o tiro.
Minha única reação é tirar Mikael da trajetória da seta, empurrando-o, mas não tenho tempo de desviar, ela me acerta, boa parte da seta atravessa meu antebraço direito.
“Isso deve ter doído Esmond, vai demorar um pouco pra cicatrizar” fala Cefeu pegando mais um seta e armando a besta.
“Você tem certeza que quer me irritar Cefeu?” pergunto tentando tirar a atençao da dor. “Acho que não, então por que não vai embora enquanto pode andar?” pergunto arrancando a seta do meu braço. Dói muito, mas não posso demonstrar fraqueza agora.
Procuro Mikael, mas só vejo sua bolsa, lá onde ele caiu.
“Mikael...” grito, em vão.
“Cada vez mais interessante essa caçada, você não me escapa garoto” fala Cefeu conjurando uma magia de rastreio.
Como eu, Cefeu só está preocupado com o desaparecimento de Mikael. A angústia me toma. Olho para cada canto da praça, procurando algum vestígio de Mikael, mas assim como todos na “reunião”, ele sumiu.
“Não adianta fugir, você sabe que vou achá-lo” ouço a voz de Cefeu ecoar pela praça cinzenta e vazia.
“Não precisa procurar muito, eu estou bem aqui. Precisava de um pouco de tempo, agora estou pronto” fala Mikael, saindo das sombras. Uma bela magia de camuflagem.
“Muito bem então, Sagitta Phantasma” fala Cefeu apontando, conjurando e disparando. A seta dessa vez é muito rápida, tento inutilmente esconjurá-la.
De repente, algo acontece, Mikael consegue desviar a flecha com um gesto com a mão. Seus olhos não são mais aqueles apreensivos ou distantes de antes. Não sei por que, mas Cefeu não se surpreende e continua com um sorriso importuno no rosto.
“Olha só o que resolveu aparecer. Acho que agora seu amigo Esmond saberá seu segredo garoto” fala Cefeu olhando para Mikael.
Permaneço um tempo sem entender, mas logo tenho uma grande surpresa. Quando olho para a mão direita de Mikael vejo um dos Signos, a Manopla.
“Sempre esteve com você?” pergunto a primeira coisa que me veio à cabeça.
“Um dia você entenderá, lembre-se de meu pedido...” responde Mikael.
“Não querendo interromper a conversa, mas já interrompendo. E então garotinho, você vai me dar ou vou ter que tomar?” pergunta Cefeu guardando a besta.
Mikael olha pra mim e conjura uma magia cascata, e agora entendo o seu sumiço, essas são magias que desencadeiam outras maiores, é preciso tempo para conjura-las. Poucas palavras e parece tudo estar parado, como se ele comandasse o tempo agora.
Com um simples golpe com a Manopla rasga uma fenda temporal, caminho que liga dois ou mais espaços. Só tinha lido alguma coisa assim nos velhos pergaminhos, agora vejo medo nos olhos de Cefeu, não consigo me mexer, acho que nem ele.
“O diário... Leia!” fala Mikael, correndo em direção a Cefeu.
Não tenho tempo, nem consigo falar nada. Só assisto Mikael pegar a gola do sobretudo de Cefeu, e desaparecer os dois, dentro da abertura no espaço. Instantes depois tudo parece voltar ao normal. Até mesmo a neblina desaparece, penso eu, que tudo não passava de magia.
“Como pude não perceber? Essas magias, onde aprendeu?” muitas perguntas invadem minha cabeça, mas nenhuma resposta. Agora há somente uma luz, o diário.
Procuro na bolsa, lá está ele. Minha única e última ligação com as respostas, ou mais perguntas, sobre o acontecido. Acho que depois dessa noite, minha curta “carreira” como Atravessador era chegada ao fim. Sei quem pode me ajudar, mas vou precisar esperar a próxima tempestade para visitá-lo. Minhas dúvidas misturam-se com meu inconformismo.
"Que noite, que noite."

5 comentários:

  1. Huummm.. e a estória prossegue. :X
    E eu não estou menos curiosa, quanto mais você conta, maior vai ficando a curiosidade.
    Estou adorando Romeu. :D
    Que você continue dando oportunidade a sua maravilhosa imaginação.
    ;****

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  2. Romoeu, estou gostando de vc a cada dia e deixando de gostar quando vc termina um trecho do capitulo desse jeito kkk isso é maldade eu pensando que não ficaria tão ansiosa mais vejo que foi pior rsrs. Você terminou no momento extato e isso só aguça ainda mais a minha vontade pela continuação! Continue assim! beijos =**

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  3. Obrigado moças! ^^

    Espero continuar prendendo a atenção de vcs!

    O outro trecho está quase pronto... =x

    ;***

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  4. Adoro sua criatividade na hora que batizar sus abas! ;D

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  5. kkkk é Romeu! ops Rickson, novamente você me deixa com vontade de quero mais! parabéns gostei do que se sucedeu! agora é só esperar pelo proximo capitulo!!

    Beijocas ;**

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